sábado, 12 de janeiro de 2013

Eckhart Tolle - O poder do silêncio - parte 2











Trechos do livro “O Poder do Silêncio” de Eckhart Tolle.


“Você não encontra a paz reorganizando os fatos da sua vida, mas sim descobrindo quem você é no nível mais profundo. A reencarnação não ajuda se na próxima encarnação você continuar sem saber quem é. Você não possui uma vida, você é a vida. Você é a consciência única que permeia todo o universo e assume temporariamente a forma de pedra, folha, animal, pessoa, estrela ou galáxia. No fundo você já sabe disso. Você já é isso”.

“Você precisa de tempo para fazer a maioria das coisas na vida: aprender, construir… Mas o tempo é inútil para a coisa mais valiosa, que é a realização pessoal, o autoconhecimento. Você não pode encontrar a si mesmo no passado nem no futuro. O único lugar onde você pode se encontrar é Agora.”

“Os que buscam uma dimensão espiritual querem a auto-realização ou a iluminação no futuro. Ser uma pessoa que está em busca de algo significa que você precisa do futuro. Se for nisso que você acredita, isso se torna verdade pra você. Precisará de tempo até perceber que não precisa de tempo para ser quem você é.”

“O pensamento e a linguagem criam uma aparente dualidade, como se houvesse uma pessoa e uma consciência separadas. Como se a pessoa tomasse consciência das coisas que sente ou pensa. Isso não existe. Você é a consciência na qual e através da qual todas as coisas existem. Perceba-se como a consciência na qual todo o conteúdo da sua vida se desdobra.”

“Você é a consciência através da qual tudo é conhecido. Você não pode conhecer a si mesmo, porque você é a própria consciência. O “eu” não pode se transformar num objeto de conhecimento, de consciência. E “eu” é a própria consciência.”

“Quando você se torna um objeto de estudo para si mesmo, surge a ilusão do “eu” autocentrado, porque você fez de si mesmo um objeto. “Este sou eu”, você diz. A partir dessa afirmação você passa a ter uma relação com você mesmo e a contar para os outros, e pra si mesmo, a sua história.”


“Quando você percebe que é a consciência na qual a vida externa acontece, você se torna independente do que existe externamente e perde a necessidade de buscar sua identidade nos fatos, lugares e situações. As coisas que acontecem e deixam de acontecer perdem a importância, perdem peso e gravidade. Sua vida passa a ter outra graça e leveza. O mundo passa a ser visto como uma dança de formas, só isso.”

“Quando você sabe quem realmente é, tem uma enorme e intensa sensação de paz. Essa sensação pode ser chamada alegria, porque a alegria é isso: Uma vibrante e intensa paz. É a alegria de saber que o seu ser é a própria essência da vida antes de ela assumir uma forma. Você se reconhece em todas as coisas. É um estado de total clareza de percepção. Você deixa de ser alguém com um passado pesado de experiências e condicionamentos através do qual todas as coisas são interpretadas.”

“Como a água, a consciência pode ser considerada sólida como matéria, líquida como mente ou sem qualquer forma como consciência pura. Através de “você” a consciência sem forma torna-se consciente de si mesma.”

“O desejo é a necessidade de acrescentar algo a você para ser mais plenamente você mesmo. O medo é a necessidade de evitar perder alguma coisa e tornar-se menor. O desejo e o medo nos impedem de perceber que ser não é algo que possa ser dado ou tirado. O Ser em sua plenitude já está em você. Agora.”

“Quantas vezes durante o dia, se você pudesse verbalizar sua realidade interior diria: “Não quero estar onde estou.”? É verdade que é ótimo sair de certos lugares, e muitas vezes é a melhor coisa que você pode fazer. Mas em muitos casos você não tem possibilidade de sair. Em todos esses casos, o “não quero estar onde estou” não só é inútil como prejudicial. Deixa você e os outros infelizes. Já foi dito: “Aonde quer que vá, você se leva”. Em outras palavras: Você está aqui. Sempre.”

“As pessoas precisam criar rótulos para tudo o que sentem, percebem, e para toda experiência. Precisam de uma relação de gosto/não gosto com a vida, mantendo um conflito quase ininterrupto com situações e com pessoas. Será que isso é apenas um hábito que pode ser rompido? Não é preciso fazer nada. Basta deixar que cada momento seja como é. O ego não é capaz de sobreviver à entrega.”

Tenho tanta coisa pra fazer.” Muito bem, mas existe qualidade no que você faz? Falar com clientes, trabalhar no computador, realizar as inúmeras tarefas do seu cotidiano – você faz tudo isso com a plenitude do seu ser? Quanta entrega ou recusa existe no que você faz? É essa entrega que determina o seu sucesso na vida, e não a quantidade de esforço empreendido. O esforço implica estresse, cansaço e necessidade de alcançar um determinado resultado no futuro.”


“Se você percebe qualquer indício interno que revele que você não quer fazer o que está fazendo, você está negando a vida, e é impossível chegar a um bom resultado assim. Se você percebe esse indício, também é capaz de abandonar essa má vontade e se entregar ao que faz.”

“Quando você aceita o que é, atinge um nível mais profundo. Nesse nível, seu estado interior não depende mais dos julgamentos feitos pela mente do que é bom ou ruim.Quando você diz sim para todas as situações da vida e aceita o momento presente como ele é, sente uma profunda paz interior.”

“A aceitação e a entrega se tornam muito mais fáceis quando você percebe que todas as experiências são fugazes e se dá conta de que o mundo não pode te oferecer nada que tenha um valor permanente. Ao aceitar e entregar-se, você continua a conhecer pessoas e a se envolver em experiências e atividades, mas sem os desejos e medos do “eu” autocentrado. Você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um fato te satisfaça ou te façam feliz. A natureza imperfeita de tudo pode ser como é. A ironia é que, quando você deixa de fazer exigências impossíveis, todas as situações, pessoas, lugares e fatos ficam satisfatórios, harmoniosos, serenos e pacíficos. Quando você deixa de resistir internamente, abre-se para a consciência livre de condicionamentos, que é infinitamente maior do que a mente humana. Essa vasta inteligência pode então se expressar através de você e ajudá-lo tanto por dentro quanto por fora. É por isso que, ao parar de resistir internamente, você costuma achar que as coisas melhoraram. Você acha que estou lhe dizendo: “Aproveite o momento, seja feliz”? Não. Estou dizendo pra você aceitar este momento tal como ele é. Isso já basta. A aceitação e a entrega existem quando você não se pergunta mais: “Por que isso foi acontecer comigo?”. A História mostra homens e mulheres que, ao enfrentarem uma grande perda, doença, prisão ou a ameaça de morte iminente, aceitaram o que era aparentemente inaceitável e assim encontraram “a paz que vai além de toda compreensão”.”

“Há situações em que nenhuma resposta ou explicação satisfaz. Nesses momentos a vida parece perder o sentido. Ou alguém em desespero pede sua ajuda e você não sabe o que fazer ou dizer. Mas quando você aceita plenamente que não sabe, desiste de lutar contra a resposta usando o pensamento de sua mente limitada. Ao desistir, você permite que uma inteligência maior atue através de você. Até mesmo o pensamento pode se beneficiar disso, pois a inteligência maior flui pra dentro dele e o inspira.”

“Às vezes entregar-se significa desistir de querer entender, e sentir-se bem com o que você não sabe.
Quando você se entrega, a noção que tem de si mesmo muda. O “eu” deixa de se identificar com uma reação ou um julgamento mental e passa a ser um espaço em torno dessa reação ou desse julgamento. O “eu” não se identifica mais com a forma – o pensamento ou a emoção – e você se reconhece como algo sem forma: o espaço da consciência.”


“Deixe que a Vida seja!”

“Sempre que você presta atenção em alguma coisa natural, em qualquer coisa que existe sem a intervenção humana, você sai da prisão do pensamento e de certa forma entra em conexão com o Ser no qual tudo o que é natural ainda existe”.

“Prestar atenção numa pedra, numa planta, num animal, não é pensar nele, mas simplesmente percebê-lo, tomar conhecimento dele. Então algo da essência desse elemento da natureza se transmite a você. Sentir a calma desse elemento faz com que o mesmo calmo desponte no seu interior. Você sente como ele repousa profundamente no Ser – unido ao que é e onde é. Ao se dar conta disso, você também é transportado de volta para um lugar de repouso no fundo do seu ser. Veja como cada planta e cada animal é completo em si mesmos. Ao contrário dos seres humanos, eles não se dividem. Não precisam afirmar-se criando imagens de si mesmos, e por isso não precisam se preocupar em proteger e realçar essas imagens. O esquilo é ele mesmo. A rosa é ela mesma. Contemplar a natureza pode libertar você desse “eu” que é o grande causador de problemas.”